EXPANSÃO - De olho no longo prazo, redes investem em expansão

12 de agosto de 2022
Diário do Comércio

Falar em expansão de um negócio num ambiente com pandemia, inflação e juros em alta, boa parte das famílias endividadas e eleições, soa quase como um pecado.

Na contramão do que seria considerado prudente, razoável, sensato, algumas redes de lojas de variados setores decidiram abrir mais lojas neste ano, focando em períodos mais longos.

Daiso, Soneda, Adidas, por meio da Centauro, Renner, Camicado, Outback, Casas Bahia, Track & Field, Zinzane, Armarinhos Fernando são algumas marcas que estão em expansão.

Nesta sexta-feira, a Via, inaugura cinco Casas Bahia em Manaus (AM). A rede já abriu 36 lojas da marca no país neste ano e outras 30 devem iniciar atividades até o final de novembro.

No mês passado, a Via, que também é dona do Ponto, inaugurou o seu primeiro centro de distribuição no Amazonas, com cerca de 20 mil metros quadrados de área construída

“Com juros altos, não é o melhor momento para expandir um negócio, mas também não faz sentido pararmos a nossa estratégia da omnicanalidade, que é a integração entre os canais físicos e digitais”, afirma Daniel Cremonini, diretor de expansão da Via.

É num momento de crise, de acordo com ele, que as empresas conseguem melhores preços para a locação de imóveis, aproveitando as oportunidades que surgem para crescer.

O Auxílio Brasil de R$ 600, que começa a ser pago neste mês pelo governo, Black Friday e Copa do Mundo, em novembro, diz o diretor da Via, devem dar um empurrão nas vendas.

A taxa de inadimplência da empresa, de acordo com Cremonini, não assusta, um outro indicador que faz crer que este final de ano pode ser tão bom ou até melhor que o de 2019. 

Dia da Criança é ainda outro evento que traz grandes expectativas, por exemplo, para a rede Armarinhos Fernando, com 16 lojas, mais uma que está em expansão.

Até o final deste ano, a empresa abre a sua primeira loja em São José dos Campos (SP), com planos de ir para outras localidades.

“Acreditamos em um semestre muito bom, principalmente para o comércio popular”, afirma Ondamar Ferreira, gerente da unidade da Rua 25 de Março, a matriz da rede.

A loja está preparada para faturar neste segundo semestre de 12% a 14% mais do que em igual período de 2021 e de 4% a 5% mais do que em igual período de 2019, descontando a inflação.

Na loja de 4 mil metros quadrados da Rua 25 de Março, em dias chuvosos, cerca de 3 mil pessoas passam diariamente pelos caixas, número que chega a 7 mil perto de datas festivas.

Com 36 lojas em 15 cidades do Estado de São Paulo, a Soneda abriu duas lojas neste ano e deve inaugurar outras quatro até dezembro, uma na Avenida Paulista e três em shoppings.

A rede japonesa Daiso está em dez lojas da Soneda no modelo store in store, parceria que deve ser ampliada em mais duas ou três lojas da perfumaria até o final deste ano.

No shopping Ligth, as duas marcas terão uma loja com fachada dobrada, também no modelo store in store, que deve ser inaugurada ainda neste ano.

“Fatores externos impactam os negócios, mas nosso foco é na empresa. Com a maré baixa, é hora de arrumar a casa e aproveitar oportunidades”, diz Minoru Kamachi, diretor da Soneda.

Todas os espaços abertos neste ano, de acordo com ele, não teriam aparecido se o mercado brasileiro estivesse aquecido. “Nós procuramos ser o pedaço do Brasil que dá certo”, afirma.

O objetivo da rede Soneda é se tornar a grande âncora do setor de cosméticos em shopping centers, com lojas a partir de 600 metros quadrados.

“Não há dúvida que redes estão tirando projetos da gaveta. Os lojistas dizem que o consumo vai bem, especialmente entre a classe média”, diz Marcos Hirai, consultor de varejo.

Redes mais estruturadas, de acordo com ele, não podem mais olhar para o curto prazo, parar no tempo por conta de definição de uma eleição.

“Apesar de todas as mazelas, o Brasil é um país promissor. O gramado do vizinho é sempre mais bonito, mas veja o que está acontecendo na Europa, nos EUA e na América Latina”.

Para o consultor Adir Ribeiro, fundador e CEO da Praxis Business, a demanda ficou reprimida ao longo da pandemia e o varejo sente agora os efeitos da volta das pessoas às ruas.

“O conceito da experiência para atrair o cliente fortaleceu até pelo momento de dor que o consumidor viveu com a pandemia. A engrenagem parou por um tempo, mas voltou a operar.”

Ribeiro diz que tem contato com 50 a 70 varejistas por mês e até agora apenas um deles disse que ia aguardar o desfecho das eleições para seguir com planos para a empresa.

“O lojista tem que focar no negócio, ter um modelo atualizado, usar tecnologias. A loja física tem de estar integrada com a digital. Ele não pode mais esperar o cliente vir até a loja”, diz.

No meio da pandemia, a Via criou um modelo de venda pelo WhatsApp, o Me chama Zap, que acabou levando vendedores de lojas físicas a concluírem vendas que começaram no on-line.

“Funcionou tão bem esta forma de venda que não vai mais acabar. Tem loja em que esse sistema chega a representar de 15% a 20% do faturamento”, diz Cremonini.

Diferentemente do que se pensou quando o e-commerce começou a ganhar força, a loja física está se tornando forte no mundo todo, de acordo com consultores de varejo.

“Nos Estados Unidos, tem empresa digital indo para loja física, quando muitos achavam que o mundo do varejo passaria a ser somente digital”, diz o CEO da Praxis.

O que também tem surpreendido é o mercado de livrarias. Enquanto muitas redes tradicionais encolheram devido ao aumento da venda de livros pela internet, outras marcas cresceram.

A Livraria da Travessa, com origem no Rio de Janeiro, a Livraria da Vila e a Livraria Leitura, que estão em expansão, têm ocupado espaços deixados pelas redes tradicionais.

Para justificar a expansão de lojas físicas em cenário macroeconômico como este que o país vive, lojistas, executivos de redes e consultores de varejo citam também o potencial do Brasil.

Cremonini, da Via, lembra que a rede está hoje em 530 municípios do país e tem potencial para dobrar este número.

Há muitos municípios espalhados pelo Brasil afora que sequer têm um supermercado.

IMAGEM: Casas Bahia/divulgação

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